sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Estás aí? Queria muito falar contigo. Ontem sonhei que me tinhas morrido.

Sonhei que me tinhas morrido e que estávamos no teu funeral. Tu ias sentado em cima do caixão a beber Jack Daniels pela garrafa (logo tu que odeias whisky). Logo atrás de ti seguia uma daquelas bandas de Jazz que vimos em Nova Orleães lembras-te? Atrás da música caótica seguia uma multidão a dançar. Estavam lá os teus pais e a avó Maria. Também lá estava o Simão, lembras-te dele? Já não o vejo há anos, mas continuava igualzinho. A comandar as tropas estava o padre João, com os seus fervores religiosos sempre a lançar cânticos alucinantes como se estivesse a fazer um exorcismo.

E íamos avançando lentamente pelas ruas de uma cidade imaginária. Poderia ser Madrid ou Lisboa. Não me lembro ao certo porque as referências geográficas estavam todas alteradas. Em cada esquina havia um bar de onde saía uma promessa de pecado.

De repente parecia que tudo tinha pegado fogo. O céu ficou vermelho e os edifícios começaram a abrir fendas e a cair.

De repente já não éramos nós, mas sim seres grotescos e deformados que se arrastavam pelos destroços. E tu ias rindo e dançando e bebendo o teu whisky em cima do caixão. Já não eras tu, mas a própria Morte que nos ia hipnotizando.

E continuávamos a dançar, indiferentes ao caos em que tudo se estava a transformar.

Ontem sonhei que me tinhas morrido e que o meu mundo tinha ruído contigo e precisava muito de ouvir a tua voz.

DC

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