terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Momentos

Senta-se cabisbaixo e desorientado como se não soubesse onde se encontra. Na sua mente desfilam imagens repetidas do seu último encontro com a mulher da sua vida, num segundo reconhecida.
Saber que nunca mais sentiria, debaixo da sua, aquela pele sedosa, húmida dos prazeres partilhados, fazia-o sentir-se perdido, sem rumo, sem amarras.
Encostou-se, perdido, à pedra fria da praia, onde, juntos, viveram momentos indescritíveis. Que fazer? Onde ir? Como adormecer e amanhã abrir os olhos e ter que se erguer?
A dor lancinante sentida trespassa-o como uma lança. O grito preso na garganta não consegue soltar. Estica os braços, pedindo ajuda silenciosa. Ninguém o escuta, ninguém o vê ou sente a sua dor, o seu grito de solidão. Porquê esta angústia, esta desorientação, este bosque sem saída?
Lá longe, distingue aquela que lhe roubou o sossego, caminhando na areia branca e fresca. Será que também não dormiu? Porque tem de ser tão cruel e dura esta sensação de abandono? Que fazer, como se erguer de novo e pensar em recomeçar de novo o dia?

Isabel Costa Pinto

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